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21/06/2013
O verdadeiro fim do mundo

Quando eu era pequeno, eu queria jogar bola, brincar no campinho que havia ali, perto de casa. Mas era justamente quando meus amigos me chamavam para brincar, que minha mãe também me chamava para fazer algo que eu detestava. Ela pegava uma escova velha, dessas de cabelo mesmo, erguia a blusa e pedia que eu coçasse as costas dela. Sim, eu, no auge da minha infância, perdia o meu tempo conçando as costas da minha mãe com uma velha escova de cabelo. Claro, minha mãe adorava. Eu detestava. O último lugar que eu queria estar era ali, fazendo aquilo. Queria jogar bola, brincar com os meus amigos, fazer estripulias, sei lá, menos ficar coçando as costas da minha mãe. 

Passado algum tempo, já adulto, me deparei com uma situação terrível. Minha mãe foi diagnosticada com um câncer. Segundo os médicos, ela teria três meses de vida. Minha mãe, não durou um mês. Nos seus últimos dias de vida, frágil e debilitada, passei uma noite inteira ao seu lado. Na madrugada, sentindo muitas dores nas costas, ela pediu ajudar para sentar na cama. Sentada, pediu com a voz trêmula que eu massageasse suas costas porque ela sentia muitas dores. Fiz o que a minha mãe me pediu. Ela ali, sentada, no seu leito de morte, e eu, massageando as costas dela.

 

Neste momento, sem que ela visse, chorei copiosamente e me lembrei dos tempos de infância. Quando criança, eu detestava coçar as costas da minha mãe. Mas, naquele momento, no hospital, eu daria tudo para ficar horas e mais horas, e quem sabe até a eternidade, massageando as costas dela. Por isso, eu chorei tanto, por arrependimento de não ter feito isso mais vezes, por não ter dito para minha mãe o quanto ela era importante para mim mais vezes.

Passados cinco anos de sua morte, ainda sinto sua falta. A saudade é grande, corrói, machuca. Ao mesmo tempo, a ausência fez com que o eu crescesse como pessoa e entendesse um pouco mais os desígnios da vida. 

Nestes dias em que a gente fala do fim do mundo e até brinca com as profecias das mais diversas, seria melhor se falássemos da vida. Poderíamos centrar um pouco mais as nossas energias num beijo na pessoa que a gente diz amar, no abraço carinhoso no amigo de longa data, no carinho que podemos dar aos colegas de trabalho, nos pequenos gestos com as pessoas que conosco convivem. Quem sabe um bom dia sorrindo, um pedido de bênção para o pai ou para a mãe, coisa que era tão comum no passado, ou um pedido de desculpas para alguém que tenhamos magoado e até mesmo uma declaração de amor, numa mensagem fora de hora para aquela pessoa que não sai do nosso pensamento.

Cada dia, eu costumo encarar assim, é como se fosse um pequeno milagre. Basta que saibamos observar isso. Os milagres estão por todo parte. Basta que saibamos olhar com atenção o que se passa ao nosso redor. A vida é dom que recebemos de graça. Precisamos valorizar isso. Por isso, nunca é tarde para resgatar sentimentos, reatar amizades, recomeçar uma nova fase de atitudes, com as pessoas que gostamos. Claro, o mundo um dia acaba, vai acabar para mim, para você, para todo mundo. Mas enquanto estivermos vivos, quem sabe a gente valorize mais os pequenos momentos da vida.

Aprendi, nos meus 45 anos de vida, que não podemos deixar para depois as atitudes de amor e carinho. Pode não haver uma segunda chance para coçar as costas de alguém. Pode não haver uma segunda chance de dizer EU TE AMO. Pode não haver uma segunda chance para um monte de coisas.

O fim do mundo, amigos, é isso. É ficar adiando sentimentos bons e colocar em evidência os sentimentos ruins.

 

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