Ao ler algumas curiosidades da natureza, encontrei algo surpreendente: uma abelha produz cinco gramas de mel por ano. Cada vez que me sirvo de mel, lembro disso. Fico imaginando quanta velocidade e energia para garantir mel no café da manhã.

Não é por nada que o mel é tão doce e, ao mesmo tempo, medicinal. O trabalho incansável de milhares de abelhas garante um produto que chega a ser disputado, dependendo do tipo de flores visitadas. Agora entendo porque foi ensinado que, quando uma abelha entra em casa, deve-se facilitar a sua saída, pois deve estar trabalhando. E como trabalha! Não leva em conta a quantidade. Apenas produz eficientemente cinco gramas de mel por ano.

 

Além de terem uma organização fantástica, as abelhas ensinam como trabalhar em equipe e inspiram unidade em busca de um resultado comum. Qualificam mais do que quantificam. São exímias na descoberta do melhor pólen. Não devem sofrer de esgotamento, pois sabem dos limites impostos pela própria capacidade. Produzem aquela quantidade e não abrem mão da qualidade. Todos os dias recomeçam motivadas por um rendimento que não exige esforços sobrenaturais.

 

Os humanos gostam de ultrapassar os limites. Não medem consequências para ampliar ganhos e extrapolar a capacidade física e mental. Lá adiante vão se dar conta de que foram além do permitido, quase sempre e apenas motivados pela ganância e pelo desejo de acumular.

 

Chegam a desqualificar o que fazem, mas não deixam de fazer cada vez mais. Colocam em jogo a saúde, comprometem laços familiares, deixam de cultivar amigos.

 

Não são poucas as pessoas que só sabem trabalhar para acumular. Deixam de viver a normalidade pois necessitam se firmar através de algumas posses. Ostentam segurança e infinitude. Não lembram de ‘adocicar’ as tarefas diárias. Preferem desconhecer que tudo passará, restando apenas a contabilidade do bem realizado.

Autor: Frei Jaime Bettega

 

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